quinta-feira, 30 de outubro de 2025

A laranjinha de Laranjeiras

 

O nome do bairro é Laranjeiras. Não se sabe se em razão da existência de antigos laranjais ou de algum senhor Laranjeiras dono de terras ali. O sítio é um vale, por onde no passado corria livre o rio Carioca. Rio de tantos serviços prestados à cidade. O abuso às suas águas foi constante. Foram desviadas para o Centro para alimentar chafarizes, onde o povo matava sua sede e lavava suas roupas. Hoje correm subterrâneas e poluídas pela rua principal do bairro, antes de serem sequestradas pelo emissário submarino de Ipanema. 

O nome do bairro é Laranjeiras, mas os pés de laranja que porventura haviam, estavam desaparecidos de lá. Nenhunzinho para contar história. Até que uma boa alma teve a ideia de plantar três mudas em canteiros agrestes, numa calçada pouco valorizada, e pouco observada pelos síndicos dos edifícios em frente. Se ninguém dava bola, esse ser inspirado foi lá e fez o plantio. 

Os canteiros em questão não são muito favoráveis. Acima deles passam fios, que ameaçam as árvores que tentam crescer por entre seu emaranhado. De vez em quando vêm os funcionários da companhia de luz e fazem podas mutiladoras, esculpindo árvores tortas e desequilibradas. Mas é ali que as mudinhas de laranjeiras crescem. 

Agora, que os pés de laranja já começam a ultrapassar a altura de uma pessoa, uma única laranjinha verdeja entre seus galhos. Das poucas flores que brotaram, em meio ao vento produzido pelos veículos em movimento, uma só conseguiu ser polinizada, concluindo o ciclo da produção de um fruto. 

Ela está lá verde e gordinha, mas ainda pequena. Já é a segunda semana em que é vista. É o caso de se perguntar quanto tempo ainda permanecerá ligada ao ramo de onde surgiu. Se alguém mais apressado a arrancará ainda verde ou se ela terá licença para amadurecer. Da mesma forma como entre os humanos, é difícil amadurecer. Se, com sorte, chegar à cor laranja, ela certamente chamará a atenção de algum passante. Um deles, um felizardo, colherá a frutinha pioneira, sobrevivente da poluição e das agruras da vida urbana. E seguirá anônimo, sem contar sobre o azedume ou sobre a doçura da menina das Laranjeiras.

Artigo publicado em 30 de outubro de 2025 no Diário do Rio


sexta-feira, 24 de outubro de 2025

A produção de um vazio urbano

Edifício ao lado da Santa Casa do Rio de Janeiro demolido para a construção de estacionamento 

Na Avenida Presidente Antônio Carlos, na lateral da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, há um imenso terreno vazio, em formato triangular. Atualmente, ele é ocupado por um estacionamento. Um terreno com um uso assim espúrio, numa avenida importante da cidade, é um grande contrassenso. Essa estranheza é maior quando se considera que abaixo das pistas dessa mesma avenida foi construído, na administração Conde, um estacionamento subterrâneo. E que logo adiante, na Praça dos Expedicionários, vizinha ao terreno em questão, há ainda outro estacionamento subterrâneo bem mais antigo. Consta que este ocuparia um antigo abrigo antiaéreo.

Esse excesso de estacionamentos no Centro, alguns produzidos pelo Poder Público, é uma mensagem contrária ao incentivo ao transporte público. Constrói-se um metrô, implantam-se VLTs, BRTs e BRSs, além da existência do trem com mais de 150 anos, mas o transporte individual continua a ser incentivado. Nada mais contraditório. Já passou da hora de reduzir drasticamente a oferta de estacionamentos para automóveis no Centro, principalmente ao nível do solo, em terrenos que poderiam ser utilizados para fins mais nobres, como moradia, comércio ou serviços.

Mas, o nosso terreno ao lado da Santa Casa nem sempre foi um espaço não edificado. Ali havia uma construção, provavelmente do início do século XX, que seguia as linhas arquitetônicas da Santa Casa. Essa construção havia ganho um andar a mais, uma intervenção muito equivocada e mal feita. Mas, sem esse acréscimo, ela seguia perfeitamente integrada à edificação centenária. Ocorre que a direção da Santa Casa quis vender o imóvel vizinho para fazer fundos. Essa venda pressuponha a demolição do prédio lá existente para a construção de um edifício de ... estacionamento. O projeto previa um edifício com fachadas de vidro, pouco condizente com a ambiência da Santa Casa, mas não mais alto que esta última. 

É importante lembrar que a Santa Casa é uma das edificações mais antigas da cidade. Ela existe desde o século XVI, apesar de sua atual fachada ser de meados do século XIX. Inicialmente, a maioria do Conselho de Tombamento do Inepac foi contrária à demolição da edificação vizinha à Santa Casa. Mas a então direção-geral, que buscava atender aos interesses daquela instituição, promoveu gestões junto ao Conselho que o levaram a aprovar a demolição. Uma verdadeira perda para a ambiência da Santa Casa, tombada em dois níveis administrativos. 

A proteção da ambiência dos bens tombados é uma evolução do pensamento sobre o Patrimônio. Ela é fruto da percepção de que não basta preservar uma edificação e permitir que tudo mude à sua volta. Isso retira-lhe o contexto em que está inserida. Infelizmente, no Rio de Janeiro caminhamos para trás nessa questão. São vários os exemplos de autorizações dadas pela Prefeitura para edificações praticamente coladas a prédios preservados ou tombados. As gestões do Prefeito Eduardo Paes têm sido carrascas com a ambiência de bens tombados e, muitas vezes, com os próprios bens tombados.

Exemplo disso foi a autorização para a edificação de um edifício muitas vezes mais alto do que a Igreja da Imaculada Conceição, na Praia de Botafogo. Desde o século XIX, a sua flecha, ou agulha neo-gótica, se alteava na paisagem da Praia de Botafogo. Inicialmente sem concorrentes em altura. Depois com prédios mais altos, porém afastados. E agora, por obra e graça da gestão Paes no Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, ao lado da igreja, haverá um edifício bem mais alto do que ela, amesquinhando as suas proporções. Repete-se com a Igreja da Imaculada Conceição o que foi feito na década de 1970 com a Igreja de Santa Teresinha do Menino Jesus, tornada uma miniatura ao lado da torre do shopping Rio Sul.

Outro exemplo: ao lado do belo galpão tombado pela própria Prefeitura, situado na Rua do Equador 476, na Área Portuária, foi permitida a demolição de um armazém que lhe fazia par e que era colado à sua divisa. No seu lugar, foi construído um altíssimo hotel, totalmente cinza e estranho àquela área. A descaracterização do Cine Leblon, para atender o interesse da construtora que desejava mais pavimentos sobre o mesmo, também se insere nesse quadro. E por aí vai. Há uma série de permissões para edificação de imóveis altíssimos em terrenos de edificações preservadas, às vezes apenas mantendo alguns metros de distância da edificação original.

Voltemos à demolição do prédio ao lado da Santa Casa. Ela revelou fatos inesperados. Por dentro da edificação ainda passava uma parte do muro de arrimo do antigo Morro do Castelo. Era evidente que tal descoberta, de grande relevância, inviabilizava o uso pleno do terreno conquistado com a inapropriada demolição. Por um bom tempo esse resquício do Morro do Castelo ali permaneceu, com o edifício semidemolido. Hoje não mais. Em algum momento, algum burocrata contrariou as regras de proteção do Patrimônio e permitiu a sua retirada.

A nova edificação prevista para o terreno ao lado da Santa Casa, e que ensejou a demolição da edificação anteriormente existente, nunca foi executada. Aparentemente, agora os proprietários querem edificar algo bem mais alto do que o projetado edifício para estacionamento. Como isso impactaria muitíssimo a ambiência da Santa Casa, o Iphan, que antes parecia não ver problema na demolição do edifício que lá estava, parece estar opondo alguma resistência. E assim chegamos à transformação de uma edificação útil em um vazio urbano, utilizado como estacionamento. É a destruição nada criativa.

Artigo publicado em 23 de outubro de 2025 no Diário do Rio.


sexta-feira, 17 de outubro de 2025

De volta à barbárie

 

Gaza 2025

Em verdade todas as minhas aves e criaturas aladas voaram para longe

"Aí de mim! Por minha cidade " - eu direi.

Minhas filhas e meus filhos foram levados embora

"Ai de mim! Por meus homens" - direi.

"Oh minha cidade que não mais existe, minha [cidade] atacada sem causa,

Oh minha [cidade] atacada e destruída!"

O lamento da deusa Ningal é pela destruição de Ur, na antiga Mesopotâmia. Mas voltou a ser atual. Mais de dois mil anos antes de Cristo, Ur foi sitiada e destruída. Os elamitas, juntamente com aliados entre as tribos iranianas, cercaram Ur, provocando a fome. Em desespero, seus defensores abriram as portas da cidade para os invasores, que os assassinaram e saquearam casas e templos. 

O surgimento da civilização urbana foi acompanhado pelo aumento vertiginoso da selvageria entre os humanos. Desde tempos remotos, quando começaram a existir as cidades, passou a predominar o extermínio e a destruição em massa de comunidades inteiras. Segundo o historiador Lewis Mumford, o que antes tinha sido um sacrifício mágico para assegurar a fertilidade e as boas colheitas "foi transformado na exibição do poder que tinha uma comunidade, sob seu deus irado e seu rei-sacerdote, de controlar, dominar ou apagar totalmente outra comunidade."

Na guerra de Troia, verdadeira ou mitológica, como narrada por Homero em A Ilíada, após dez anos de cerco e o estratagema do cavalo, a cidade teria sido conquistada pelos aqueus. Esses teriam massacrado os troianos, tomado mulheres e crianças como escravos, e dessacralizado seus templos. 

Senaqueribe, rei do Império Neoassírio, assim descreveu a aniquilação da Babilônia: "A cidade e [suas] casas, desde seus alicerces até o alto, eu destruí, devastei, queimei com fogo; o muro e a muralha exterior, templos e deuses, torres de templos de tijolos de terra, tantas quantas existiam, arrasei..."

Delenda est Carthago, ou Cartago deve ser destruída, foi uma frase popularizada na República Romana. Ela se referia à necessidade de eliminar a cidade que ousava desafiar Roma. A cidade foi destruída em 146 a.C. Foi arrasada até os seus alicerces e seu chão foi salgado para que nada mais ali crescesse. 

Na primavera do ano 70 d.C. os exércitos romanos cercaram Jerusalém. O cerco produziu fome e doenças. Após romper as defesas da cidade, os romanos produziram a morte, a execução e a escravização de dezenas de milhares de habitantes de Jerusalém. A cidade foi arrasada, assim como o Segundo Templo, então o principal local de adoração e de sacrifício ritual dos judeus. Na tradição cristã, Jesus teria lamentado essa futura destruição da cidade. Ah! Jerusalém!

Centenas de anos se seguiram, repletos de destruições de impérios e genocídios na América e na África. Em 1942, como retaliação pela morte do governador alemão da Boêmia e da Morávia por combatentes tchecos, o exército alemão atacou a cidade de Lídice. Todos os homens foram fuzilados, as mulheres e crianças foram enviadas para campos de concentração e as edificações foram destruídas.

Ainda na Segunda Mundial, em 1945, Tóquio foi intensamente atacada por bombas incendiárias, matando, segundo dados da cidade, mais de 124 mil pessoas, número maior do que as vítimas em Hiroshima. As casas, construídas com materiais leves, serviram de combustível para o fogo. Mais de 50% da cidade ficou destruída. Seguiram- se as bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki. Em todas, os relatos dos civis que sobreviveram mencionam corpos em chamas.

Desde o século XIX, já havia na Europa preocupações com os graves efeitos dos conflitos armados sobre as populações civis. Após os horrores das duas guerras mundiais, cresceu a consciência de que esses terríveis acontecimentos não deveriam se repetir. Diversos países, inclusive o Brasil, deram o nome de Lídice a alguma de suas cidades para que ela nunca deixasse de existir. A proteção da população civil e de bens civis durante conflitos armados passou a ser prevista no chamado Direito Internacional Humanitário (DIH), estabelecido pelas Convenções de Haia e de Genebra. A Convenção de Genebra (1949) definiu direitos dos militares fora de combate e dos civis.

Acreditava-se que essa legislação sobre crimes de guerra seria suficiente para prevenir o retorno da barbárie. Em 2025, após dois anos de intensa atuação do exército israelense em Gaza, as cidades desse território estão arrasadas. Acredita-se que mais de 65 mil palestinos tenham sido mortos, entre eles uma grande quantidade de mulheres e crianças. Segundo a Unicef, 64 mil crianças morreram ou foram feridas. Não foram poupadas as casas, as escolas, os templos e os hospitais. Em termos de saúde e educação, Gaza retrocedeu algumas décadas. Mas, com Gaza, a humanidade retrocedeu muito mais, de forma insuportável.

Artiogo publicado no Diário do Rio em 16 de outubro de 2025.

 

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

João, Pedro

 

João ama o Brasil. Pedro também ama. João é desconfiado, mas acredita que o governo está querendo acertar. Pedro já vivenciou muitas mudanças de governo, acha que entende de política, e tem horror ao governo. Para João, se juntar os prós e os contras, o país melhorou. Mas Pedro tem certeza de que, não só o país, como o mundo todo, piorou. As ideias atuais não lhe servem. Parece haver uma conspiração contra aquilo tudo que ele sempre prezou. 

João tira conclusões pela sua família, todos melhoraram um pouco. Tem até a filha de um parente que entrou na faculdade, vai ser doutora. O único porém é que dizem que lá na tal faculdade ela se juntou com más companhias, uma gente meio estranha. Pedro recebeu um vídeo mostrando que, nessas faculdades, só se ensina o que não se deve ensinar. Os professores, que não sabem nada, terminam botando ideias tortas na cabeça da juventude. Tá bem complicado. 

Pedro anda inseguro com o seu trabalho. As vendas estão fracas e o patrão dá indiretas de que a loja pode fechar. Se fechar, vai ser difícil arranjar um outro trabalho. A idade pesa. É por essas e outras que ele tem certeza de que o governo é mesmo muito ruim. João tá no corre. É mais de um bico, além do trampo na portaria do edifício. Mas ele tem fé que vai dar certo, que lá na frente seus esforços serão recompensados.

João tá de namorada nova. O tempo que morou junto com sua ex-mulher e a angústia da separação ficaram para trás. Agora é amor novo, vida nova. Só não sabe se deve propor de morarem juntos logo. Já não deu certo uma vez, melhor deixar as coisas seguirem seu rumo num tempo certo. Mas que tá bom, tá. Pedro largou a mulher e por um bom tempo não quer saber de ninguém. Também tá difícil de aparecer uma mulher como ele quer, compreensiva e carinhosa. E que não dê muitos palpites na sua vida. Antes só, do que mal acompanhado. 

João acha que não entende de política. Mas sabe o que é melhor para ele. Na hora de votar escolhe quem ele acha que é honesto e sincero. Nem precisa saber discursar muito bonito não. Pedro tem raiva desses políticos que dizem que vão ajudar o povo, mas que só querem mesmo é se ajudar. A escolha dos políticos devia ser por meio dos seus currículos. Nada dessa conversa de gente que mal sabe ler querer ser deputado. Deveria ser como um concurso público, com provas e tudo.

João tá pensando em fazer uma viagem nas férias. Pedro tá sem tempo pra isso. João tá pensando em fazer um empréstimo, mesmo que não saiba como irá pagar. Pedro tem assistido a uns vídeos que recebe pela Internet. Eles demonstram que ele tem razão. João ganhou um livro de um morador, mas tá com preguiça de ler. Pedro tem uma bandeira do Brasil na janela. João guarda a sua bandeira do Brasil para os jogos da Copa. Pedro ama o Brasil. João também.

Artigo publicado em 09 de outubro no Diário do Rio.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Ai de ti Ipanema

Houve um tempo, lá pelos anos 70 do século passado, em que o céu de Ipanema se encheu de triângulos vermelhos e círculos verdes. Eram os letreiros luminosos da construtora Gomes de Almeida Fernandes e da incorporadora Sérgio Dourado, no topo das dezenas de altos edifícios que mudavam para sempre a cara do bairro. 

Os ipanemenses, então conhecidos por sua vida relaxada e pela boemia, custaram a se dar conta da destruição do seu paraíso pela especulação imobiliária. O Pasquim foi um dos veículos da indignação tardia da turma. Mas aí o estrago estava feito. Esse é o problema da ação destruidora das construtoras sobre um determinado bairro. A população só percebe um ataque em massa quando as obras já se tornaram numerosas e pipocam em cada rua do lugar. É como a história do sapo dentro da panela com água no fogo. A água esquenta devagarinho e quando ele se dá conta, já não há mais salvação. 

Fenômeno semelhante está ocorrendo agora na mesma Ipanema. Uma matéria recente do jornal O Globo informa que, em quatro anos, o projeto Reviver Centro concedeu 34 licenças para o uso dos bônus concedidos às construtoras que criaram habitações no Centro. Vinte e oito dessas licenças foram para projetos em Ipanema e seis em Copacabana. Ou seja, para se trazer edifícios residenciais para o Centro, Ipanema está tendo a sua ambiência novamente destruída. 

O projeto Reviver Centro funciona na base de recompensas às construtoras que se dignarem a trocar a Barra da Tijuca pelo Centro. Essas recompensas são na forma de autorizações para se construir, em outros bairros, a mesma área que se constrói no Centro. Numa idealização dos burocratas da Prefeitura esses bônus seriam distribuídos por vários bairros da cidade. Na prática, estão concentrados em Ipanema e, secundariamente, em Copacabana. 

O projeto Reviver Centro ainda não atingiu todo o seu potencial. Até este momento são poucos os projetos já aprovados. Mas, esses poucos projetos já levaram a Prefeitura a emitir o equivalente a 101 mil metros quadrados de bônus. E, desse total, apenas 22,4 mil metros quadrados já foram usados na Zona Sul, o que significa que ainda há um estoque de quase 80% de bônus a serem usados. Isso, numa situação em que, como dito acima, o Reviver Centro ainda está longe do seu potencial. Nesse ritmo, a destruição ultrapassará Ipanema e chegará a outros bairros da Zona Sul, que sempre estiveram na mira do mercado imobiliário. Cuidem-se moradores de Botafogo, Jardim Botânico, Leblon... 

Já há alguns ipanemenses incomodados com o que vem ocorrendo no seu bairro. Mas o poder das construtoras está muito reforçado. Além da cumplicidade do Prefeito, como no caso do projeto que destrói o Jardim de Alah, os tais bônus permitem uma receita extra para as construtoras. Com esses recursos adicionais, elas têm margem para oferecer um pouco mais aos proprietários pelos imóveis que pretendem demolir. 

A revitalização do Centro e a atração de moradores para aquela área é um ideal longamente perseguido no Rio de Janeiro. Mas, da maneira como o projeto Reviver Centro foi formatado, ele cobrará um preço bastante alto dos bairros da Zona Sul. A temperatura da água está subindo e o sapo ainda não está notando... 

Artigo publicado em 02 de outubro de 2025 no Diário do Rio.