Audiência pública da privatização do Maracanã no Galpão da Cidadania
Audiência
Pública é um instrumento relativamente novo entre nós. Sua função é permitir
que a sociedade seja ouvida quanto a projetos públicos que possam interferir na
organização das cidades e na vida dos cidadãos. Ouvir a sociedade significaria
então receber seus questionamentos e considerá-los, aprimorando assim os
projetos em discussão.
No dia 08 de
novembro o Governo do Estado do Rio de Janeiro realizou uma audiência pública no
Galpão da Cidadania para discutir a privatização do Estádio Maracanã e do
Maracananzinho, e as propostas do mesmo governo de demolição do antigo Museu do
Índio, do Estádio Célio de Barros, do Parque Aquático Júlio Delamare e da Escola
Municipal Friedenreich, todos localizados no entorno desse complexo esportivo. Estavam
presentes centenas de pessoas, entre políticos, alunos e pais da escola Friedenreich,
torcedores, índios, atletas e cidadãos comuns.
O que
poderia parecer um exercício da democracia revelou-se apenas o cumprimento de
uma formalidade para que o governo estadual fosse em frente com seus insanos
propósitos. As poucas pessoas da audiência que chegaram a usar a palavra foram
unânimes em condenar as demolições pretendidas. A plateia, em massa, repudiou
os termos da audiência, manifestando-se através da exibição de cartões vermelhos,
de apitaços, de palavras de ordem cantadas, etc. Mas o Secretário Régis
Fichtner manteve-se impassível, seguindo a todo custo o ritual que o
possibilitaria mostrar em eventuais contestações judiciais um simulacro de
audiência pública. Ao fim, declarou apenas que o projeto não seria mudado, já
que o considerava o melhor para o Estado. Ficou bastante claro que nunca houve por
parte do governo a intenção de considerar qualquer reparo crítico dos cidadãos presentes
e que a audiência pública era apenas um evento para chancelar decisões que o
senso comum desaprova.
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