Centro hospitalar projetado para Rocinha, mas não construído |
Após uma série de episódios violentos envolvendo grupos
armados na Rocinha em 2004 o poder público criou um Plano Diretor para aquela
área. Mais tarde houve um maior avanço com a definição de um projeto de
reurbanização para a comunidade, o qual foi incluído no PAC 1 do governo
federal. Esta primeira fase de intervenções contou com R$ 60 milhões do governo
federal e R$ 12 milhões do governo estadual e o autor do projeto foi o arquiteto
Luiz Carlos Toledo.
Esse projeto de urbanização foi muito discutido com os moradores e incorporou varias demandas dos mesmos, como a construção de um hospital e uma creche. Entre as poucas propostas efetivamente executadas estão a passarela projetada por Niemeyer e o Centro Esportivo. No entanto, muitas outras não foram realizadas. A creche só recentemente foi concluída, mas permanece fechada. No caso do hospital, o governo acabou fazendo apenas uma UPA.
Esse projeto de urbanização foi muito discutido com os moradores e incorporou varias demandas dos mesmos, como a construção de um hospital e uma creche. Entre as poucas propostas efetivamente executadas estão a passarela projetada por Niemeyer e o Centro Esportivo. No entanto, muitas outras não foram realizadas. A creche só recentemente foi concluída, mas permanece fechada. No caso do hospital, o governo acabou fazendo apenas uma UPA.
Os moradores queriam também um centro cultural, o saneamento do bairro e a construção de planos inclinados. A questão dos planos inclinados se transformou numa enorme queda de braço entre os moradores e suas lideranças de um lado e o governo estadual do outro. O projeto de urbanização previu a construção de cinco desses equipamentos. Entre as vantagens apontadas pelos moradores e o arquiteto responsável estão as paradas mais próximas entre si, a possibilidade de levar bagagens e materiais de construção e também servir para a retirada do lixo da comunidade.
Em 2013 a Rocinha foi incluída no PAC2 e o escritório vencedor da licitação para esta segunda fase foi o Arquitraço, igualmente conceituado. No entanto, aparentemente houve pouca discussão sobre como seriam aplicados os recursos da ordem de 1 bilhão e 600 milhões de reais. O governo do estado (Emop) incluiu o teleférico no projeto e vem insistindo em sua instalação em detrimento dos planos inclinados anteriormente propostos. O teleférico teria um custo da ordem de R$ 700 milhões.
O teleférico é um equipamento caro, com paradas distantes entre si, e com uma manutenção igualmente cara, dependente de peças importadas. Já os planos inclinados trabalham com uma tecnologia bastante conhecida e experimentada em diversos locais do Rio de Janeiro. Outras desvantagens do teleférico são a sua incapacidade de funcionamento em momentos de ventos fortes e tempestades, e a incapacidade de servirem a cadeirantes ou a pessoas com problemas de mobilidade, já que trabalham em movimento contínuo. Além disso, a Rocinha é uma área fortemente sujeita à ação da maresia, o que certamente apressaria sua deterioração.
Mas há ainda um aspecto pouco percebido que se refere à necessidade de remoções de moradias para a construção desse equipamento. Seriam removidas casas para dar lugar às estações e também para permitir a acessibilidade de caminhões à base dos postes que sustentam o teleférico.
As lideranças dos moradores consideram que a opção pela execução dos planos inclinados anteriormente previstos, por serem mais baratos, liberaria recursos para o saneamento da comunidade, uma demanda urgente e muito justa.
A defesa do teleférico por parte da Emop é que ele permitiria a integração da comunidade com o metrô da Linha 4. No entanto a estação do teleférico mais próxima do metrô seria exatamente onde haveria um dos planos inclinados previstos. Depreende-se que a forte visibilidade do projeto teleférico e o fato de servir como atração turística leva o governo estadual a preferir essa opção.
Recentemente houve uma audiência pública sobre o projeto e o presidente da Emop foi muito contestado. Ele afirmou que iria fazer reuniões nos 32 sub-bairros da Rocinha para discutir o projeto.
Outra questão que move os moradores e os vizinhos de São Conrado é a questão do reassentamento de famílias moradoras de áreas de risco. O arquiteto Luiz Carlos Toledo havia projetado edifícios com apartamentos de até três quartos, mais adaptados ao tamanho de certas famílias da comunidade. No entanto, a Caixa Econômica só financiou prédios com apartamentos de até dois quartos. Alguns desses prédios foram construídos onde havia uma garagem de ônibus.
No momento, discute-se a construção de novos prédios que ocupariam uma área considerada como de preservação ambiental, o que vem mobilizando a vizinhança de São Conrado contra o projeto.
Os moradores continuam mobilizados e esperam que suas vozes sejam ouvidas e suas demandas sejam consideradas.
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