Essas são primeiras impressões de quem ainda não entrou no museu. Como concepção de arquitetura deixa um pouco a desejar. Pode se pensar numa caixa recoberta por um esqueleto. Ok, longe vai o tempo de haver alguma relação entre forma e função, mas esse esculturismo não me satisfaz.
As paredes brancas já estão sujas, com marcas de algo escuro que escorre. Poluição? Deve piorar. Intuo que será bem complicada a logística de sua manutenção. Alpinistas farão o serviço? Bem pouco prático. As aletas, que se movem para buscar a melhor orientação solar, poderiam sibilar suavemente, como imagino que uma estação orbital o faria. Mas não, rangem ruidosamente como uma engenhoca do século XIX.
Marcas de sujeira nas paredes laterais |
Do uso original do espaço em que está pousado, um antigo cais, quase não sobraram vestígios. Os elementos de ferro para atracação, fixados na linha junto ao mar, estão enferrujados e não receberam pintura. O passeio no entorno do museu já apresenta partes da pavimentação quebradas. E há que se ter cuidado ao caminhar, pois os balizadores luminosos de piso são salientes.
Quanto ao conteúdo, não sei dizer. Não me animo a enfrentar uma enorme fila de pessoas atraídas pela propaganda da TV Globo, que é parte do empreendimento (via Fundação Roberto Marinho). Aliás, que isenção pode ter um grupo jornalístico que se associa ao poder executivo? Mas me chama a atenção a descrição de Ricky Seabra, artista e diretor do Museu do Crato, para quem o conteúdo revela "um PowerPoint sofisticado que deixa nada para a imaginação dentro do esqueleto de um cisne. O conteúdo se equivale à assistir uma semana de CNN, uma semana de NatGeo, e uma semana de Discovery Channel. (...) Tudo é apresentado com imagens e videos já 'mastigados' até com trilha sonora."
Resta o consolo de que a estranheza do objeto ajuda a compor fotos interessantes.
Não passa de um elemento jurássico cujo conteúdo resume-se a uma feira de ciências com pretensões digitais!
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