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O projeto nasceu no Rio, pelas mãos da família Tápias, família intimamente ligada à dança, e agora já chega a trinta e três cidades do Brasil. Artistas de diferentes países são convidados a, juntamente com artistas brasileiros, apresentar seus trabalhos nas ruas das cidades e a organizar ateliers de criação de novos trabalhos, reunindo jovens dançarinos, que também serão apresentados nos espaços públicos. À noite, o evento costuma ocupar teatros das localidades por onde passa.
Essa surpresa, essa quebra da rotina, o inesperado nas ruas são a graça e a grande qualidade do projeto. O público já cativo, e os passantes se aproximam, fazem uma roda em volta dos artistas. Estes pulam, rolam pelo chão, se sujam com o pó cinza das calçadas, ou executam doces duetos, doando a quem ali esteja momentos de pura emoção. Foi o que mostraram, por exemplo, Clémentine Telesfort e Lisard Tranis, franceses baseados na Espanha, assim como artistas de São Luís, acompanhados pelo Tambor de Crioula. De extrema delicadeza e fina tessitura foi o solo apresentado por Fernanda Verardo, criação de Marcia Milhazes, no teatro do CCBB.
As ruas são os locais dos encontros, da colaboração entre estranhos, do exercício da gentileza, e até da violência. Mas sem essa convivência com o outro, que não conhecemos, não nos civilizamos. É por isso que, quanto mais convidativas, quanto mais animadas, e seguras são as ruas, mais se desenvolve a empatia e a colaboração entre os cidadãos. Ter um projeto como o Dança em Trânsito, gratuito e de qualidade, que convida os passantes a se deterem, a alterarem o ritmo do seu dia, e que os preenche de emoções, é um bem imenso. Sorte têm as cidades que o recebem. Vida longa ao Dança em Trânsito!
Artigo publicado no Diário do Rio em 10 de agosto de 2023 no Diário do Rio.
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