QG da PM-RJ - foto Gabriel de Paiva - O Globo |
O atual Quartel General da Polícia Militar ocupa a quase totalidade do quarteirão da Rua Evaristo da Veiga entre a Avenida República do Paraguai e a Rua Senador Dantas. É uma edificação de três pavimentos com corpo central, onde se situa a entrada que dá acesso ao pátio interno, ligeiramente mais alto e saliente. Sua implantação contorna quase integralmente aquele pátio interno, interrompendo-se apenas junto à Capela da Arquiepiscopal Irmandade Imperial de Nossa Senhora das Dores.
As inúmeras janelas marcam o rigor da composição de influência neoclássica. As do pavimento térreo são emolduradas por cercaduras de pedra e têm vergas de arco pleno. As do segundo pavimento seguem o alinhamento das primeiras e têm vergas retas. Já as janelas do terceiro pavimento se encontram com alinhamentos variados, denotando a provável existência de acréscimo.
As inúmeras janelas marcam o rigor da composição de influência neoclássica. As do pavimento térreo são emolduradas por cercaduras de pedra e têm vergas de arco pleno. As do segundo pavimento seguem o alinhamento das primeiras e têm vergas retas. Já as janelas do terceiro pavimento se encontram com alinhamentos variados, denotando a provável existência de acréscimo.
Originalmente as coberturas de cada um dos diversos tramos da edificação
era em quatro águas com telhas cerâmicas do tipo francesas. Atualmente alguns
desses tramos apresentam coberturas em fibro-cimento.
No pátio central do quartel, em situação elevada, se encontra a Capela
da Irmandade Imperial de Nossa Senhora das Dores, uma pequena igreja
neo-gótica.
A primeira ocupação do terreno foi o Hospício projetado em 1732 pelo
engenheiro militar José Fernandes Pinto Alpoim, edificação que serviu aos
frades franciscanos italianos "babônicos", que ficaram conhecidos
como os Barbonos. A edificação atual sucedeu àquela original e lá se encontra
desde o século XIX.
QG da PM-RJ - foto Gabriel de Paiva - O Globo |
Capela da Irmandade Imperial de N. Sra. das Dores - foto Roberto Anderson |
Capela da Irmandade Imperial de N. Sra. das Dores - foto Roberto Anderson |
Antecedentes Históricos
Em 10 de maio
de 1808 um alvará criou o cargo de Intendente de Polícia, cargo ocupado por
Paulo Fernandes Viana. Em 13 de maio de 1809 foi criada a divisão militar da
Guarda Real da Polícia. Esta guarda, porém, foi dissolvida em 1831. Meses
depois foi criado o Corpo de Municipais Permanentes, encarregado do
policiamento da cidade. Este corpo policial teve como major, Luis Alves de Lima, futuro
Duque de Caxias. O Corpo de Municipais Permanentes foi para o Quartel de Granadeiros,
construído no terreno onde existira o Hospício dos Capuchinhos.
Esse sítio já fizera história ao tempo dos Capuchinhos quando, por volta de 1760, foram plantadas as primeiras mudas de
café trazidas pelo Desembargador João Alberto Castelo Branco. Dali a cultura do
café se irradiou pelo território do Rio de Janeiro, dando início a um novo
ciclo econômico. A presença dos Barbonos na área é lembrada de diversas maneiras.
A atual Rua Evaristo da Veiga, por exemplo, foi a Rua dos Barbonos até 1870.
Em 1808 o
antigo Hospício foi ocupado pelos frades carmelitas, que haviam cedido seu
convento na atual Rua Primeiro de Março a Dona Maria I. Em 1831 os carmelitas cederam
o Hospício ao Corpo de Municipais Permanentes.
Em 1858, um
decreto deu a essa força policial o nome de Corpo Policial da Corte. Com a
eclosão da Guerra do Paraguai, os policiais participaram da luta como Batalhão
31 de Voluntários da Pátria. Em 12 de novembro de 1889, com a presença do
Imperador D. Pedro II, em sua última solenidade pública como imperador do
Brasil, foi lançada a pedra fundamental do Quartel do Corpo Militar da Polícia.
A planta do edifício foi elaborada pelo General Capitulino Peregrino Pereira
da Cunha. Mesmo após a edificação do atual quartel, persistiu por algum tempo,
no interior do pátio, o antigo convento dos frades, usado como dormitório dos
policiais.
Ao tempo dos capuchinhos a pequena igreja no interior do quartel se chamava
Igreja de Nossa Senhora da Soledade. Em 1861 ela foi reformada e consagrada a
Nossa Senhora das Dores.Imagem da Lapa tendo ao fundo o QG-PM |
Formação de soldados no pátio do QG-PM |
QG PM-RJ sem o acréscimo no 2º pavimento |
A implosão pretendida pelo Governo do Estado do
Rio de Janeiro
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, que deve zelar pelo Patrimônio
Cultural do Estado, decidiu demolir o Quartel General da Polícia Militar,
situado na Rua Evaristo da Veiga. As razões alegadas são a pretensa inadequação
deste tipo de edificação às funções atuais da PM, que prescindiria de espaços
para aquartelamento. Mas as ações do Governo indicam um interesse em obter
recursos com a venda de ativos do Poder Público. A forte valorização dos
terrenos nas proximidades da Cinelândia certamente levaria o Estado do Rio de
Janeiro a auferir grandes lucros com a venda do imóvel. No entanto, sua
implosão, como programada, causaria uma perda irreparável ao Patrimônio
Cultural do Rio.
Se fosse correta a alegação de inadequação da edificação às atuais
funções da PM, bastaria dar um novo destino ao prédio, valorizando toda a área
no entorno. Mas é preciso lembrar que durante vários séculos o aquartelamento
foi uma necessidade da função policial. Futuramente, a forma de organização da polícia
poderá mudar novamente e se isto vier a ocorrer, já não existirá o seu quartel
histórico.QG PM-RJ tendo ao fundo os Arcos da Lapa - foto Evaristo da Veiga - O Globo |
Prejuízos Urbanísticos com a demolição do
Quartel General da PM
O Quartel General da PM-RJ está situado no limite do Corredor Cultural.
Como jamais se cogitou que pudesse ser demolido, não foi incluído no perímetro
dessa área de proteção. Mas mesmo assim ele é um elemento importante para essa
área, já que compõe a ambiência da Rua Evaristo da Veiga, onde há imóveis
preservados.
Por ser uma área livre de arranha-céus em pleno Centro do Rio, o quartel
provê também espaço de visualização do céu e de circulação de ar, trazendo
benefícios ambientais nada desprezíveis.
O terreno do Quartel General da Polícia Militar é vizinho ao largo onde
se encontram os Arcos da Lapa. Há uma enorme co-visibilidade entre estes dois
pontos. Qualquer nova edificação em altura que porventura venha a substituir o
quartel impactará negativamente a ambiência dos Arcos da Lapa.
A preservação do QG da PM-RJ abriria a possibilidade de conjugação de
seu atual uso militar com uma série de outros usos de interesse dos cidadãos do
Rio de Janeiro, como espaço para manifestações culturais, espaço para
atividades recreativas, etc.
Manifestação contra a demolição do QG PM-RJ em 14.06.2012 |
Manifestação contra a demolição do QG PM-RJ em 14.06.2012 - foto Carlos Ivan - O Globo |
Manifestação contra a demolição do QG PM-RJ em 14.06.2012 |
Manifestação contra a demolição do QG PM-RJ em 14.06.2012 |
Não deitem abaixo o Quartel General! É uma obra grandiosa e faz parte da arquitectura do RIO de Janeiro.
ResponderExcluirParabéns e mais uma vez obrigado Dr Roberto. Muito gratificante poder dizer a exemplo do ocorrido em Paris,na 2ªGuerra Mundial:"AINDA EXISTE ARQUITETO NO RIO DE JANEIRO". Grande abraço.
ResponderExcluirHistória do Prédio não pode ser Esquecida.
ResponderExcluirExatamente, é preciso estar atento.
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