domingo, 11 de abril de 2010

Monumentos Cariocas...

Passeio Público (foto do autor)
Apesar de toda a riqueza do Patrimônio carioca, as diversas administrações da cidade não vêm tendo uma real compreensão da necessidade de sua preservação. Na prática o que se vê é um enorme abandono dos bens que o compõem. Durante muitos anos, os chafarizes do período colonial ficaram sem qualquer manutenção e só recentemente houve a restauração do Chafariz da Glória, pelo Iphan. Em geral, os monumentos estão pichados, muitas peças vêm sendo furtadas e alguns, como a Fonte (Adriano) Ramos Pinto na entrada do Túnel Novo, estão quebrados e invadidos por população de rua. Os monumentos em ferro fundido, em geral, encontram-se abandonados e pouco a pouco vão desaparecendo pela ação de pessoas inescrupulosas que furtam suas peças. No monumento a Osório, na Praça XV, até mesmo um portão de sua grade foi furtado. A Murada da Glória teve partes de sua balaustrada furtada e, mesmo com reposições periódicas, não cessa o vandalismo. Recentemente, o mesmo ocorreu com a balaustrada do jardim do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista.
Durante muito tempo, o Passeio Público foi tão abandonado, que quase chegou ao ponto de não retorno. O medalhão de sua entrada havia sido retirado, o menino aguadeiro teve seus braços serrados, partes metálicas das fontes desapareceram, a balaustrada fundida pelo Mestre Valentim foi quebrada a marretadas para ser furtada, e bustos de personalidades foram levadas. Apenas depois de muita pressão da imprensa e da população a Prefeitura decidiu agir. Em 2004, uma restauração extremamente cuidadosa e ampla consumiu doze meses de trabalho ao custo de R$ 1,8 milhão. Passados apenas alguns anos, o Passeio Público se encontra novamente em perigo, já que não há guardas em seu interior e a população de rua ali já vem se reinstalando. Isto afasta outros usuários e deixa o parque à mercê de novas ações de vandalismo. É um grave problema de governança que coloca em cheque até mesmo a existência desse espaço público.

Um comentário:

  1. Roberto, quando eu estava dando aula na Santa Úrsula, sempre fazia um trabalho com os alunos enfocando alguns desses espaços públicos emblemáticos da cidade, o Passeio Público era um deles. A reflexão que a gente buscava era de que se não houver uso, não haverá preservação. E servir de passagem apenas não garante o uso pleno. As pessoas precisam transformar o espaço em lugar, reconhecê-lo, apropriar-se dele, sentir-se responsável, gostar do lugar.
    Há muitas iniciativas na área cultural, de criação de lonas culturais e eventos. São inciativas ótimas, necessárias, mas talvez a gente devesse estender essa agenda para dentro dos nossos parques, trazer as pessoas pra dentro do Passeio, por exemplo, de maneira a dar a eles mais visibilidade, vitalidade, divulgar sua história. Junto com isso, sem dúvida, manter o policiamento, as ações de manutenção constante. Não sei, são apenas idéias que jogo para ouvir outras ideias, discutir os prós e os contras. Eu também lamento tanto o que está acontecendo com nosso patrimônio.

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