quinta-feira, 5 de março de 2020
A continência da "namoradinha do Brasil"
O discurso de posse de Regina Duarte discorreu sobre a Cultura e seu papel como formadora da identidade brasileira e cimento a unir a nação. As imagens citadas até foram bonitas mas, se prestarmos a atenção, veremos que as manifestações culturais evocadas são somente aquelas que não criam conflitos. Nada de teatro instigante, que faz o público questionar a ordem vigente. Nada de música que evoque as mazelas e injustiças da periferia. Nada de obras de arte que provoquem desgosto ou repulsa, sentimentos perfeitamente cabíveis nos propósitos do artista. A Cultura de Regina Duarte, que bate continência para o capitão, é doce e suave como a personagem namoradinha do Brasil, uma ficção, um Brasil que, se um dia existiu, não existe mais.
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