quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Museu do Amanhã (Rio), primeiras impressões

Essas são primeiras impressões de quem ainda não entrou no museu. Como concepção de arquitetura deixa um pouco a desejar. Pode se pensar numa caixa recoberta por um esqueleto. Ok, longe vai o tempo de haver alguma relação entre forma e função, mas esse esculturismo não me satisfaz. 

As paredes brancas já estão sujas, com marcas de algo escuro que escorre. Poluição? Deve piorar. Intuo que será bem complicada a logística de sua manutenção. Alpinistas farão o serviço? Bem pouco prático. As aletas, que se movem para buscar a melhor orientação solar, poderiam sibilar suavemente, como imagino que uma estação orbital o faria. Mas não, rangem ruidosamente como uma engenhoca do século XIX. 

Marcas de sujeira nas paredes laterais
Do uso original do espaço em que está pousado, um antigo cais, quase não sobraram vestígios. Os elementos de ferro para atracação, fixados na linha junto ao mar, estão enferrujados e não receberam pintura. O passeio no entorno do museu já apresenta partes da pavimentação quebradas. E há que se ter cuidado ao caminhar, pois os balizadores luminosos de piso são salientes.

Quanto ao conteúdo,  não sei dizer.  Não me animo a enfrentar uma enorme fila de pessoas atraídas pela propaganda da TV Globo,  que é parte do empreendimento (via Fundação Roberto Marinho). Aliás, que isenção pode ter um grupo jornalístico que se associa ao poder executivo? Mas me chama a atenção a descrição de Ricky Seabra, artista e diretor do Museu do Crato, para quem o conteúdo revela "um PowerPoint sofisticado que deixa nada para a imaginação dentro do esqueleto de um cisne. O conteúdo se equivale à assistir uma semana de CNN, uma semana de NatGeo, e uma semana de Discovery Channel. (...) Tudo é apresentado com imagens e videos já 'mastigados' até com trilha sonora."

Resta o consolo de que a estranheza do objeto ajuda a compor fotos interessantes.