domingo, 23 de dezembro de 2012

A Câmara, o Prefeito e as maldades

Aprendizes de feiticeiro ou feiticeiros natos? O prefeito Eduardo Paes mandou para a Câmara de Vereadores projetos de lei que alteram parâmetros construtivos na Barra e prejudicam áreas de preservação, como a APA  Marapendi. Envolvem a construção do Campo de Golfe na reserva, aumento de potenciais construtivos, etc. Os vereadores da sua base aperfeiçoaram as maldades do projeto, dando muito mais vantagens à especulação imobiliária. Agora o Prefeito posa de indignado e os vereadores o desmentem dizendo que as alterações partiram mesmo da Prefeitura. Jorge Pereira (PT do B, o que vem a ser isso?), vereador que promoveu boa parte das emendas ao projeto ameaça desmascarar o Prefeito: "O problema é que o Prefeito não assume situações impopulares. Basta lembrar a taxa de iluminação pública." Quem tem menos razão??!!


sábado, 8 de dezembro de 2012

Caquinhos substituem o anfiteatro da Lapa

Reurbanização da Lapa em 1992
Anfiteatro do Largo da Lapa
Área plana já sem o anfiteatro

Cacos de pedras reaproveitados

Caquinhos de pedras costaneiras 


Em 1992, com projeto do arquiteto Augusto Ivan, a Lapa foi reurbanizada. Uma das intenções do projeto era reordenar a geometria das vias, já que as diversas demolições ali ocorridas tinham resultado em calçadas estreitas, largas vias para automóveis e sentidos conflitantes das mesmas em relação à disposição do casario. Havia, ainda a intenção de dotar o entorno dos Arcos da Lapa de um projeto paisagístico à sua altura.
  
O projeto então realizado criou um anfiteatro no largo diante dos Arcos, em que os degraus eram construídos com lajedos, aquelas enormes placas de pedra que pavimentavam algumas calçadas de antigamente. Nos anos que se seguiram, esse anfiteatro recebeu diversas manifestações artísticas, como peças de teatro, apresentações de grupos circenses, espetáculos de rock e o animado carnaval da Lapa.

No entanto, a atual administração cismou com o anfiteatro, alegando que crianças de rua ali se escondiam após realizarem pequenos furtos. Ao invés de reforçar o policiamento, decidiram por sua demolição. No seu lugar ficou apenas uma área pavimentada, pobre em termos de concepção paisagística. Os lajedos foram dispostos em semicírculo e as pedras costaneiras, algumas já muito danificadas foram reaproveitadas. Não houve sequer o cuidado de substituir aquelas já muito danificadas, resultando em áreas que são verdadeiros painéis de caquinhos. A cidade perdeu um espaço de apresentações artísticas e poucos se deram conta. Uma pena.


sábado, 24 de novembro de 2012

Por que índios no Maracanã? Coletiva de Imprensa da Aldeia Maracanã

Foto Paula Kossatz

Foto Paula Kossatz

Foto Paula Kossatz

Foto Paula Kossatz

Foto Katja Schilirò

Foto Katja Schilirò

Na sexta-feira, 23 de novembro de 2012, os índios que se encontram no prédio e no terreno do antigo Museu do Índio, no Maracanã, promoveram uma entrevista coletiva para a imprensa nacional e estrangeira. Eles resistem à intenção do governador Sérgio Cabral de demolir aquela edificação, onde estabeleceram a Aldeia Maracanã.
Entre outros, compareceram à coletiva jornalistas da ESPN, do Jornal do Brasil, da Rede Brasil de Televisão e de rádios e jornais de outros países, como de uma rádio holandesa. Segundo a jornalista, sua atenção ao problema foi despertada após os índios da Aldeia Maracanã terem ido ao encontro do Príncipe daquele país que visitava as obras do estádio do Maracanã. À mesa, respondendo às perguntas, estavam o cacique Carlos Tukano, o antropólogo Mércio Gomes, o procurador do Ministério Público Federal Daniel Macedo, o advogado Arão da Providência Guajajara e eu, convidado como arquiteto que poderia falar um pouco sobre a edificação.

Respondendo a uma pergunta sobre o estranhamento da sociedade branca à presença de um grupamento de índios no Maracanã, o antropólogo Mércio Gomes, que já dirigiu a Funai, comentou inicialmente a maneira como ele e outros antropólogos tinham uma certa reserva em compreender a existência de índios vivendo em cidades. Segundo ele, a antropologia tradicional vê o índio em sua comunidade original, no meio rural ou florestado, acreditando que ali ele deveria permanecer. Quando Mércio soube que índios, já há muitos anos, passaram a ocupar o antigo Museu do Índio no Maracanã, também se questionou sobre o que eles estariam a fazer ali.
Após essa pequena introdução e após ressaltar a importância que teve o Museu do Índio para a etnografia nacional e internacional, referindo-se também às presenças naquela edificação, em outros momentos da história, do Marechal Rondon e de Darci Ribeiro, o antropólogo passou a descrever a realidade populacional dos índios no Brasil de hoje. Afirmou que quando se imaginava que eles desapareceriam como grupos étnicos autônomos, sendo integrados à grande sociedade brasileira, eis que eles passaram a crescer em termos populacionais, reforçando os laços culturais que os unem. E eles vêm, individualmente ou em grupos, buscando obter maior conhecimento e melhores condições materiais de vida, aproximando-se das cidades. Há índios em universidades e em cursos técnicos, ou apenas trabalhando em profissões diversas nas cidades. Isto sem perder sua identidade indígena e o contato com seu grupo de origem.

Assim, a constituição desse grupamento de índios de várias tribos brasileiras, de várias partes do país, que passou a se denominar Aldeia Maracanã, seria plenamente justificável como um ponto de referência para índios que se encontram na cidade do Rio de Janeiro. A sua presença entre nós permitiria uma troca cultural que só teria a enriquecer os cariocas. E o seu estabelecimento nesse local se daria por sua imensa ligação com o lugar onde um dia existiu um centro de estudos de sua cultura e onde antes seus antepassados se hospedavam quando vinham ao Rio de Janeiro.
Ao ser perguntado sobre a razão para o governador querer demolir o antigo Museu do Índio, o procurador Daniel Macedo afirmou que as razões são obscuras. Que a liminar da juíza que impedia a demolição havia sido derrubada e que na véspera seis carros do BOPE haviam rondado o imóvel de forma ameaçadora.

O cacique Carlos Tukano lembrou que o prédio do antigo Museu do Índio foi edificado bem antes do próprio Maracanã e que seria um contrassenso demoli-lo para atender pretensas necessidades de escoamento de público surgidas posteriormente. O cacique disse que os índios e as pessoas que apoiam sua causa iriam resistir contra a demolição do prédio. Respondendo a um repórter que lhe perguntou se havia possibilidade de derramamento de sangue nesta resistência, o cacique foi bastante equilibrado, lembrando que os índios não estão armados. Que resistirão, mas que se houver violência, esta será da parte dos efetivos policiais que possam querer retirá-los do local.
De minha parte, lembrei que para se avaliar a importância da edificação para a cidade do Rio de Janeiro e para o Patrimônio Cultural, é necessário que se faça quatro perguntas. Inicialmente, se o antigo Museu do Índio tem relevância na paisagem. E a resposta é sim. O seu entorno foi enormemente modificado desde que o mesmo foi edificado na primeira década do século XX. O Derby Club deu lugar ao Maracanã, a Avenida Radial Oeste rasgou o tecido urbano ao lado e diversas edificações foram substituídas. Mas o prédio do Antigo Museu ficou lá no mesmo lugar, marcando a paisagem com sua torre de pedra e as águias nos cantos da sua cobertura. Não há quem não passe por ali que não perceba a sua imponente presença.

A outra pergunta a se fazer é se o prédio tem relevância histórica. E novamente a resposta é sim. Ali ocorreram as primeiras pesquisas com sementes no Brasil. Ali Rondon recebia índios que vinham de muito longe. Ali Darci Ribeiro trabalhou pela causa indígena e ali existiu um museu exemplar, que influenciou a criação de diversos outros museus etnográficos pelo mundo.
Uma terceira pergunta, se o imóvel tem relevância arquitetônica e se é recuperável, também tem resposta positiva. O imóvel, uma edificação eclética com características de prédio do serviço público do início do século XIX tem paredes sólidas e espaços generosos, difíceis de serem encontrados em construções do mesmo período. O piso do primeiro pavimento é estruturado por vigas metálicas, que se mostram preservadas. Sua entrada é marcada por um torreão e no hall uma escada em estrutura metálica dá acesso ao segundo pavimento. Uma torre maior, revestida de pedras, marca a fachada oposta a esta entrada. Sua cobertura encontra-se danificada por falta de cuidados, assim como forros, escadas e esquadrias. Mas tudo isto é plenamente recuperável, já que as peças ainda existentes podem servir de exemplo.  

Por fim, cabe perguntar se o imóvel tem relevância para algum grupo social. E a evidência desta resposta é o enorme esforço que tem sido feito por índios e brancos que se envolveram com o problema para reverter a decisão do governador e impedir a demolição desse belo prédio.
Usando-se a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 muitos absurdos vêm sendo cometidos em nossa cidade. A demolição da fábrica da Brahma no Catumbi, por exemplo, foi um crime contra o Patrimônio da cidade. As alterações pretendidas na APA de Marapendi para abrigar um hotel e um campo de golfe são igualmente absurdas. A ameaça ao antigo Museu do Índio está acompanhada de igual ameaça ao Estádio Célio de Barros, ao Parque Aquático Júlio Delamare e à Escola Municipal Friedenreich. A união de todos os que se sentem indignados contra tais demolições, de todos os que consideram importante a preservação do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro e de todos os que apoiam a causa indígena poderá trazer uma esperança de que desta vez a enorme especulação que se estabeleceu em nome dos jogos não prevaleça.





quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Um parecer contra a opinião do senhor governador

Antigo Museu do Índio no Maracanã

Nas décadas de 1980 e 1990, o poeta Eucanaã Ferraz trabalhou no Instituto Estadual do Patrimônio Cultural - Inepac e lá dirigiu o setor de pesquisas. Uma de suas ações  foi o desenvolvimento de estudos naquele departamento, em 1997, voltados para o tombamento do antigo Museu do Índio, no Maracanã. Tanto os pesquisadores, como os arquitetos concluíram pela recomendação do tombamento estadual do imóvel, o qual não ocorreu por razões de ordem política. Agora, no momento em que o governo vem tentando demolir o mesmo alegando não ter valor cultural, é interessante conhecer parte do parecer técnico do Inepac sobre o Antigo Museu do Índio.

... "Nossa equipe, no entanto, conseguiu reunir um número expressivo de dados históricos e material iconográfico, além de realizar algumas visitas ao local, em parceria com os arquitetos do 'Departamento de Patrimônio Natural e Cultural'.
Os resultados alcançados comprovaram as impressões que nos motivaram em direção aos estudos sobre o bem: seu valor cultural, histórico e arquitetônico.
Cabe notar, inicialmente, que a construção é um típico remanescente de um sítio que, com os anos, sofreu uma violenta desagregação. Estamos, desse modo, diante um testemunho eloquente de uma qualidade urbana que se perdeu quase totalmente.
O prédio também chama atenção por constituir-se como exemplar de arquitetura eclética do início deste século, destacando-se, pelas intervenções e soluções formais, das obras anônimas e convencionais de então.
(...) Acreditamos que o tombamento Estadual do prédio do antigo Museu do Índio, abandonado há vários anos e em precário estado de conservação, será importante não apenas para sua preservação, mas poderá ajudar no trabalho de revitalização da própria área em que se insere."

Eucanaã Ferraz
Diretor do departamento de Pesquisa e Documentação - Inepac


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A glória dos vencedores na madrugada

 Trio elétrico do Fluminense na madrugada do Rio de Janeiro

O comboio de jogadores e torcedores do Fluminense atravessou a cidade na madrugada deste domingo, acordando moradores que, torcendo ou não pelo time, precisariam acordar cedo no dia seguinte. Em Laranjeiras, junto à sede do clube, onde a comemoração se estendeu por muitas horas, os vizinhos tiveram que conviver com a barulhenta alegria que vinha do campo  de futebol. Muitos reclamaram...

Não sendo propriamente um torcedor do Fluminense, me pergunto o que queremos? Um tempo domesticado com as horas de descanso para o trabalho no dia seguinte em eterna repetição, dando maior previsibilidade à máquina de fazer riquezas, ou um tempo que pode ter sua continuidade rompida aqui e ali para que nos lembremos que somos humanos, que somos produtores de cultura, que através de substâncias várias, efemérides, comemorações, etc. saímos da rotina vez por outra? Na falta de guerras bárbaras, o que temos mais próximo de guerreiros a serem laureados são mesmo os nossos atletas. Tenho ambições de ver a cidade parar para artistas e grandes pensadores também, mas aí já são outros quinhentos...


sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Porto Maravilha descuidado da paisagem

Projeto de Norman Foster para terreno na Área Portuária do Rio de Janeiro
 
Em Londres, antes que ocorresse a reurbanização de Docklands, foram feitos estudos que buscaram definir as linhas mestras de aproveitamento da área, com a indicação de espaços edificáveis e estudos de massa das futuras construções. Em 1982 a London Docklands Development Corporation- LDDC encomendou este estudo aos urbanistas Gordon Cullen e David Gosling. O trabalho apresentado buscou valorizar os eixos visuais de destaque na área da Ilha dos Cães e a manutenção de pré-existências, como os espelhos d'água dos diques. Tais propostas não foram muito consideradas no projeto quando o mesmo finalmente foi executado, resultando em perda de grandes possibilidades paisagísticas e traçados urbanos presos a um formalismo ultrapassado.

No Rio de Janeiro o projeto de reurbanização da Área Portuária, atualmente batizado de Porto Maravilha, preocupou-se apenas com a definição de vias de circulação e índices construtivos. Não há um estudo que identifique as linhas de dominância na paisagem da área, nem de quais visadas deveriam ser preservadas ou valorizadas. Muito menos um estudo que busque preservar elementos característicos de qualquer área portuária - seus armazéns - e que poderiam se tornar um diferencial estético do projeto.
 
Ao sabor do preenchimento de frios índices de aproveitamento dos terrenos e das vicissitudes dos capitais que se constituem para o seu desenvolvimento, o Porto Maravilha está sob a ameaça de produzir um monstrengo que bloqueie a visibilidade das elevações do relevo carioca e faça um contraponto danoso às áreas de preservação existentes junto às encostas.
 
Outro problema que também pode arruinar o projeto é o apressado convite a arquitetos estelares, que parecem enviar seus projetos por fax, sem sequer conhecerem o sítio em que serão implantados. Assim é o caso do recentemente anunciado projeto do arquiteto inglês Norman Foster para o pátio da marítima, também na Área Portuária: dois troncos de pirâmide invertidos erguidos junto à linha do litoral que bloqueiam completamente a visão de toda a cidade que se desenvolve por trás dos mesmos. Na falta de estudos que garantam a preservação da paisagem da Região Portuária e a escolha das melhores localizações para os futuros empreendimentos, corre-se o risco de destruição de uma das últimas esperanças de um bairro diferenciado na cidade, resultando em algo bem mais próximo da imagem da Barra da Tijuca do que seria de se desejar.
 
 

Audiência pública das demolições

     Audiência pública da privatização do Maracanã no Galpão da Cidadania  

 Audiência Pública é um instrumento relativamente novo entre nós. Sua função é permitir que a sociedade seja ouvida quanto a projetos públicos que possam interferir na organização das cidades e na vida dos cidadãos. Ouvir a sociedade significaria então receber seus questionamentos e considerá-los, aprimorando assim os projetos em discussão.
No dia 08 de novembro o Governo do Estado do Rio de Janeiro realizou uma audiência pública no Galpão da Cidadania para discutir a privatização do Estádio Maracanã e do Maracananzinho, e as propostas do mesmo governo de demolição do antigo Museu do Índio, do Estádio Célio de Barros, do Parque Aquático Júlio Delamare e da Escola Municipal Friedenreich, todos localizados no entorno desse complexo esportivo. Estavam presentes centenas de pessoas, entre políticos, alunos e pais da escola Friedenreich, torcedores, índios, atletas e cidadãos comuns.
O que poderia parecer um exercício da democracia revelou-se apenas o cumprimento de uma formalidade para que o governo estadual fosse em frente com seus insanos propósitos. As poucas pessoas da audiência que chegaram a usar a palavra foram unânimes em condenar as demolições pretendidas. A plateia, em massa, repudiou os termos da audiência, manifestando-se através da exibição de cartões vermelhos, de apitaços, de palavras de ordem cantadas, etc. Mas o Secretário Régis Fichtner manteve-se impassível, seguindo a todo custo o ritual que o possibilitaria mostrar em eventuais contestações judiciais um simulacro de audiência pública. Ao fim, declarou apenas que o projeto não seria mudado, já que o considerava o melhor para o Estado. Ficou bastante claro que nunca houve por parte do governo a intenção de considerar qualquer reparo crítico dos cidadãos presentes e que a audiência pública era apenas um evento para chancelar decisões que o senso comum desaprova.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A Fundação Parques e Jardins - FPJ, sucessora da instituição que um dia já foi dirigida por Glaziou, e que tantos serviços já prestou à nossa cidade, encontra-se bastante esvaziada de poder de atuação. A atribuição pela poda das árvores nas ruas foi para a Comlurb (como é feita, é mais corte de galhos do que poda...). Boa parte do plantio de mudas é terceirizado, servindo como compensação pela construção de novas edificações. Também a autoridade da FPJ sobre o que se coloca nas praças está totalmente esgarçada, vide a colocação às vésperas das eleições deste ano de equipamentos de ginástica na Praça Ben Gurion, em Laranjeiras, que entraram espremidos de qualquer jeito entre o chafariz e um quiosque de flores. Ou vide os vários containers da Guarda Municipal que ocuparam e fecharam a praça Procópio Ferreira, em frente à Central do Brasil. É lamentável.

domingo, 12 de agosto de 2012

Lanterna do pastor

Num ônibus, sentado no banco dos fundos, o garoto ao meu lado pede ansiosamente que a mãe lhe deixe abrir um saquinho. De lá sai uma pequena lanterna, a qual ele leva acesa à boca. Me interesso pela coisa e fico sabendo que é uma lanterna comprada na igreja, por indicação do pastor, e que tem poderes de cura. Será usada para tratar a infecção na garganta do garoto...


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Nina Maria Rabha



Minhas homenagens à arquiteta NINA MARIA RABHA. Recentemente realizamos juntos um Seminário no IHGB sobre o projeto Porto Maravilha. Nina conheceu e estudou profundamente a Área Portuária, tendo sido administradora daquela Região Administrativa em duas gestões. Ela conheceu as pessoas e histórias do lugar e sempre lutou por uma requalificação da Área Portuária que partisse das qualidades ali existentes (palavras suas). Muito ao contrário do projeto do atual prefeito, que pretende demolir galpões, deslocar moradores e entregar os terrenos à especulação imobiliária.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Antiga fábrica da Bhering na Área Portuária do Rio de Janeiro


quarta-feira, 25 de julho de 2012


Prezados leitores, sou candidato a vereador pela Cidade do Rio de Janeiro. Meu número é 43040 e convido a todos a seguirem a campanha na página http://robertoanderson.com.br/ . Obrigado, Roberto

domingo, 15 de abril de 2012

REC Sapucaí - Brahma: fecha-se o círculo da especulação

REC Sapucaí, projeto do escritório Oscar Niemeyer

Antiga Cervejaria Brahma no Catumbi


Com o lançamento do edifício comercial REC Sapucaí, projetado por Oscar Niemeyer, fecha-se o círculo de uma operação bem sucedida de especulação imobiliária no Rio de Janeiro. Primeiramente, com a desculpa de que o Sambódromo precisava ser ampliado para as Olimpíadas, desfez-se o tombamento que protegia os prédios da cervejaria Brahma no Catumbi. Em seguida, com a promessa de poder demolir mesmo aqueles que não interferiam na projetada ampliação do Sambódromo, a Ambev custeou essa ampliação. O passo seguinte foi vender o terreno remanescente, desimpedido dos prédios anteriormente protegidos, cuja implosão foi detonada pelo próprio Prefeito Eduardo Paes. Com o projeto de Niemeyer, o terreno desimpedido e o direito de construção de uma lâmina de 19 andares, as empresas Prosperitas e Hochtief do Brasil entraram no negócio avaliado em R$ 550 milhões. A cidade perdeu seu Patrimônio, o Sambódromo avançou na sua posição de separador dos espaços do bairro do Catumbi, a Brahma livrou-se de um prédio que já não desejava restaurar, e os empresários da especulação imobiliária embolsarão muitos milhões. É o Rio que se prepara para as eleições municipais de 2012.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Aumenta o cerco...

O Congresso brasileiro se prepara para endurecer a Lei Seca, admitindo testemunhos de terceiros quanto ao estado de sobriedade do condutor do veículo. Toda esse aumento da vigilância sobre o cidadão é muito incômodo. O que é uma blitz em tempos de paz? Algo impensável em países onde se respeita os direitos individuais. Ser parado numa blitz, ser obrigado a soprar um bafômetro para provar que não bebeu, tudo isto são avanços sobre a liberdade dos indivíduos. Isto não quer dizer que não se deva defender multas e agravantes para quem se envolver em acidentes estando bêbado. Mas seria curioso ver um deputado ser parado numa blitz nos corredores do Congresso e ter que mostrar estratos bancários para provar que não está se corrompendo...

sexta-feira, 23 de março de 2012

Uma experiência, aparentemente banal, num dia comum de março de 2012 em trens do Rio de Janeiro

Trem da Central do Brasil

A viagem de ida ao Engenho de Dentro – Pego o trem "quentão" que vai para Japeri. É um trem sem ar condicionado, tão grafitado que os vidros das janelas não deixam ver o exterior. O trem sai da plataforma com lotação média, já que na parte da manhã a maior parte dos passageiros viaja no sentido oposto, dirigindo-se ao centro do Rio. Mal a viagem começa e o trem para, não muito distante da Central. Não há avisos que expliquem o que está acontecendo. Depois de algum tempo alguns passageiros jovens e mais exaltados forçam as portas para abri-las, ameaçando quebrar o vagão. Os demais passageiros aparentemente reprovam tal atitude, mas não se movem para impedir, nem mesmo quando os jovens tentam arrancar barras de metal do bagageiro. O trem volta à estação e os passageiros mudam para o trem parado do outro lado da plataforma. Não se ouve avisos que expliquem a movimentação dos passageiros, mas eles todos se mudam entre os dois trens uma, duas, três, quatro vezes. Sigo-os. Finalmente o trem parte e a viagem até o Engenho de Dentro transcorre sem mais problemas.

A viagem de volta à Central – Já sentado num banco da plataforma, ouço o serviço de alto falante anunciar que em aproximadamente dois minutos um trem com ar condicionado adentrará a estação. Esse anúncio é repetido diversas vezes ao longo de uns quinze minutos. Finalmente o trem com ar condicionado chega e está um pouco cheio. Os passageiros na plataforma embarcam, mas o trem não parte. As portas se abrem e se fecham inúmeras vezes, sem que se compreenda a razão. Não há avisos que esclareçam o que se passa. Muito tempo depois, ouve-se um aviso de que o trem estará em vistoria. Os passageiros descem para a plataforma. O trem apita e só uma parte dos passageiros consegue novamente embarcar, já que as portas dos vagões se fecham bruscamente. Mas o trem ainda não parte. As portas se abrirão e fecharão ainda muitas vezes antes que o trem siga viagem. Os passageiros olham seus relógios. Um, que leva quentinhas, avisa pelo celular que vai se atrasar. Por fim o trem parte e todos mantêm a expressão de estarem vivendo uma situação de plena normalidade do serviço de trens dos subúrbios do Rio de Janeiro.


terça-feira, 13 de março de 2012

Um teatro para a dança



A dança no Brasil é uma arte com imensas possibilidades de inclusão social e de iniciação da juventude no mundo artístico. Para o Rio de Janeiro ela é também uma oportunidade de difusão da cidade mundo afora. Mas o que falta fazer para que isto seja uma realidade mais palpável? Inicialmente, há a questão dos espaços para a dança. No início da década de 1980, tomou corpo a briga dos profissionais por um teatro para a dança, pois nunca havia espaços para a mesma nas pautas dos outros teatros. Quando muito, a dança era relegada a sessões em horários alternativos, como segundas e terças-feiras, ou semana santa e período natalino.

Quando a Funarte passou a reservar o Teatro Cacilda Becker para a dança, deu-se um grande passo. Em 1991 o Cacilda abrigou o Olhar Contemporâneo da Dança, evento do qual se originou o Panorama da Dança que cumpriu a importante função de ir ocupando novos e maiores espaços.

Após isto, o projeto de apoio municipal a companhias, que já não mais existe, mesmo com pouca clareza quanto aos critérios de distribuição dos recursos, deu sustentação a uma extensa rede de profissionais. A idéia do Centro Coreográfico foi caudatária de todo este ambiente que se criou e que passou a exigir novos desafios. Ele não seria apenas mais um espaço para a dança, mas um espaço qualificado, que irradiasse novas idéias e que acolhesse os profissionais e seus projetos. Seriam também necessárias verbas para as suas iniciativas, como o recebimento de companhias para residência temporária, conexões com outros espaços teatrais, formação de plateias, hospedagem de artistas de outras cidades, etc. Com recursos, suas produções ganhariam em qualidade e abrangência. Mas não foi bem o que ocorreu.

O projeto original do Centro Coreográfico previa a construção de um teatro para a dança, que não se realizou. Se hoje já é bem maior o espaço para a dança nas pautas dos teatros da cidade, a programação de dança ainda é amplamente minoritária. Além do mais, não se pode dizer que todas as linguagens são contempladas nessa nova distribuição de espaço. Se isto ainda ocorre, é evidente que o projeto de um teatro público para a dança no Rio continua válido. A cidade de São Paulo se prepara para edificar o seu.

A Prefeitura do Rio de Janeiro tem uma responsabilidade importante no fomento à dança, através de subvenções à criação, produção e circulação de trabalhos dos artistas da dança carioca. E ela deveria considerar a possibilidade de construção de algo mais sólido do que apenas editais de curta duração, nem sempre capazes de suprir as necessidades de um trabalho de longo prazo.

Foto: cadeira em Cuba

sábado, 10 de março de 2012

Em nome das Olimpíadas

Área do futuro campo de golfe e área a ser edificada na APA Marapendi

Em 20 de março de 2012, a APA Marapendi completa 20 anos. Ela situa-se entre a Barra e o Recreio e corresponde a uma área de 932 hectares - o equivalente a quase sete Jardins Botânicos -, sendo um dos últimos remanescentes verdes na orla carioca. Visando preservar a área, as regras para edificação no local são bastante restritivas: a cada 40 mil metros quadrados, só 10% podem ser edificados. Por isso mesmo, ela sempre sofreu uma forte pressão imobiliária pela alteração dessas regras.
Usando a oportunidade criada com o clima de "tudo pode" gerado pela proximidade com as Olimpíadas de 2016, o Prefeito Eduardo Paes anunciou no dia 07 de março de 2012 a construção de um campo de golfe olímpico (a modalidade voltará às Olimpíadas, depois de 112 anos) na Reserva de Marapendi em terrenos da RJZ Cirela. Como contrapartida à construção do campo de golfe na Reserva, a Prefeitura do Rio vai permitir a construção de 23 prédios comerciais e residenciais, de até 22 pavimentos, em 7% da área. É uma alteração forte na legislação, feita de forma pontual. Terá passado pela Câmara?.
A legislação anterior limitava as construções em até seis andares - com a nova proposta, além de se ampliar o leque de apartamentos, a construtora terá ainda a prerrogativa de ter imóveis com vista para o mar. Outra questão que merece ser discutida é a adequação dos gramados de um campo de golfe à intenção de se preservar uma área de restinga com sua vegetação característica. Parecem objetivos muito contraditórios. De mais a mais, que cidadãos cariocas poderão usufruir desse equipamento e como será possível aos demais cidadãos usufruir das belezas da área sem que isto prejudique eventuais partidas em curso?

segunda-feira, 5 de março de 2012

O doce Patrimônio Imaterial




Prefeito confraterniza com vendedores de mate





A noção de Patrimônio está sempre evoluindo e sendo repensada. Ao longo do tempo esta evolução foi no sentido de ampliar a sua abrangência. A passagem do conceito de patrimônio histórico para o de patrimônio cultural permitiu agregar bens da arquitetura vernacular e artefatos produzidos artesanalmente ou em escala industrial. Também foram agregados os bens naturais, como montanhas, árvores e quedas d’água.

Uma das últimas expansões se deu com o reconhecimento do chamado Patrimônio Imaterial, significando que festas, formas de culto, saberes e atividades também são importantes para a memória de um povo e para a sua cultura. No entanto, aquilo que deveria ser apenas uma maior abrangência da visão sobre Patrimônio transformou-se num manancial de atitudes eleitoreiras para os políticos. Governantes que se sentem cobrados por sua inação em relação à deterioração do patrimônio edificado passaram a fazer tombamentos em série de bens imateriais. Deputados e vereadores passaram a invadir a seara dos órgãos de tombamento, promulgando leis de tombamento de bens imateriais a torto e a direito.

Por envolver pessoas que estão afetivamente ligadas às atividades agora valorizadas, tais atos têm uma grande capacidade de retorno político. E geram a falsa impressão de que muito se faz pelo Patrimônio. Enquanto concordava com a alteração da legislação que impedia a construção do espigão da Eletrobrás junto aos Arcos da Lapa, o Iphan-RJ promovia o tombamento das rodas de samba. Após demolir a Cervejaria Brahma no Catumbi, bem anteriormente protegido, o Prefeito Eduardo Paes se esmera em salamaleques diante dos vendedores de mate de praia, agora considerados Patrimônio imaterial. Em que isto alterará as vidas desses vendedores para melhor, é difícil saber. Talvez venham a ser alvos mais visados das operações de ordem urbana da Prefeitura.

Sem dúvida, é muito provável que vários dos bens imateriais que vêm sendo reconhecidos o mereçam. Mas é o suspeitíssimo novo interesse por parte dos governantes e políticos em geral por bens que não demandam restauração ou conservação que deve nos levar a colocar nossas barbas (e as do Patrimônio material) de molho.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Homs-Siria

Crianças de Homs

Eu gostaria que o governo do meu país fosse solidário com as vítimas do ditador Assad. Eu gostaria que o governo brasileiro apoiasse o fim da chacina na cidade síria de Homs. Mas o governo do meu país não abraçou a primavera árabe. O Ministro da Indústria e do Comércio do Brasil presenteou o seu correlato líbio com uma camisa da seleção brasileira. O governo brasileiro absteve-se na ONU em condenações a esses regimes ditatoriais. Os nossos governantes preferiram continuar de braços erguidos e mãos dadas com Kadafi até o fim. O governo do meu país deportou os lutadores cubanos e não quis apoiar a causa dos presos políticos de Cuba. O ex-presidente do meu país comparou os presos políticos a presos comuns e desdenhou da única alternativa que encontraram: a greve de fome. O governo do meu país apoia Hugo Chaves que cerceia a liberdade de imprensa. Então eu tenho poucas esperanças que o governo brasileiro apoie a luta dos cidadãos sírios por democracia.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Canetas, bugigangas, Patrimônio

Primeiro o prefeito Eduardo Paes fez um negócio com a Brahma em que esta recebeu autorização para demolir sua fábrica no Catumbi, que era preservada juntamente com o Sambódromo, e que a mesma sempre quis destruir. Em troca pelo pagamento das obras de ampliação do Sambódromo, a cervejaria, além da demolição do prédio, ganhou o direito de construir uma torre com projeto de Niemeyer. Detalhe: ela não pretende ocupar o futuro prédio e já anunciou que venderá o terreno com o novo direito de construção. Para demolir o prédio da Brahma, pressões foram feitas sobre o órgão de tombamento.
A demolição foi detonada pelo próprio prefeito que riu para as câmeras, satisfeito com seu ato de destruição da memória carioca. Depois, com os restos da demolição, mandou fazer uma canetinha e entregou a bugiganga a Oscar Niemeyer que, como um índio recebendo bugigangas de Cabral, sorriu satisfeito. Tudo muito ecológica-mercadologicamente correto, já que o entulho do que antes era o Patrimônio da cidade está sendo reciclado...
O nome Niemeyer tem sido usado à exaustão por prefeitos e governadores que desejam burlar a necessidade de concursos de projetos ou fazer alguma obra pouco recomendada. Este caso foi só mais um. Outro detalhe: certamente Niemeyer deseja a preservação de suas próprias obras...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Demolição do Armazém da Praia Formosa


Armazém no antigo Pátio de Manobras da RFFSA na Praia Formosa - Foto Roberto Anderson Magalhães

Demolição do Armazém no antigo Pátio de Manobras da RFFSA na Praia Formosa - Foto Roberto Anderson Magalhães



O armazém do antigo pátio de manobras da RFFSA na Praia Formosa, Área Portuária, como atestam as fotos, está sendo demolido. Um terço já se foi. É uma pena, pois ele poderia ser aproveitado como um equipamento de uso cultural ou algo mais, que também fosse útil à sociedade. Em Nova Iorque, a recuperação da área do Meat Market se dá reutilizando os armazéns e até mesmo o viaduto da linha férrea se transformou em área de lazer, o High Line.

O armazém, em estrutura metálica e revestido de chapas metálicas, ocupava apenas uma parte do imenso terreno da RFFSA, onde será construída a Vila dos Árbitros, equipamento para as Olimpíadas de 2016. Vale lembrar que o projeto do arquiteto Flávio Ferreira, classificado em segundo lugar no concurso promovido pelo IAB-RJ, previa a manutenção do armazém. Foi divulgado que haveria uma mescla dos projetos vencedores, mas pelo visto venceu a vontade demolidora do Prefeito Eduardo Paes, que já demoliu a Fábrica da Brahma no Catumbi.


quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Restauração da Igreja do Convento de Santo Antônio no Rio de Janeiro

Portal do Convento de Santo Antônio


O Convento de Santo Antônio, no Largo da Carioca, e sua igreja já há algum tempo estão sendo restaurados. A equipe responsável pelos trabalhos é dirigida pelo professor Olínio Coelho. Na cobertura do convento as telhas francesas foram trocadas. Elas substituíam as originais, do gênero colonial, e foi preciso fabricar novas telhas que seguem o padrão original. O madeiramento da cobertura também foi revisto e em grande parte substituído. Com o rebaixamento do ponto do telhado, perdeu-se o galbo que o caracterizava. Na igreja, as alterações propostas serão ainda maiores e mudarão a conhecida imagem do convento. Isto porque haverá o resgate do desenho original da fachada maneirista. Esta era triangular, com dois coruchéis laterais. No início do século XX a fachada da igreja foi alteada e recebeu um formato neocolonial. É este acréscimo que será retirado, recriando-se o contraste com a fachada barroca da igreja ao lado, da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência.

No interior da igreja, haverá o retorno do teto ao seu formato e posição originais. Ele encontra-se alteado e com sua forma alterada. As prospecções já realizadas descobriram três nichos nas paredes, que estavam vedados, e que serviam como confessionários. Também foram encontrados vestígios da antiga galilé (espaço aberto e coberto) à frente da nave da igreja. As intervenções em curso vêm exigindo muita coragem e determinação de toda a equipe para chegarem a bom termo.


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A insistência na demolição da Perimetral

Viaduto da Perimetral na Praça Mauá - foto Roberto Anderson


As inúmeras e constantes cartas de leitores no jornal O Globo mostram o quanto a anunciada demolição da Perimetral não está assimilada pela população. Sem discussões técnicas que considerem a vida útil do viaduto, a sua função dentro da estrutura metropolitana, alternativas de uso para o mesmo, e o que fazer com os carros que lá circulam, só é possível acreditar que são apenas razões estéticas e de valorização da terra em trecho a ser explorado pela especulação imobiliária que levam à determinação do atual prefeito em a demolir.