terça-feira, 13 de março de 2012

Um teatro para a dança



A dança no Brasil é uma arte com imensas possibilidades de inclusão social e de iniciação da juventude no mundo artístico. Para o Rio de Janeiro ela é também uma oportunidade de difusão da cidade mundo afora. Mas o que falta fazer para que isto seja uma realidade mais palpável? Inicialmente, há a questão dos espaços para a dança. No início da década de 1980, tomou corpo a briga dos profissionais por um teatro para a dança, pois nunca havia espaços para a mesma nas pautas dos outros teatros. Quando muito, a dança era relegada a sessões em horários alternativos, como segundas e terças-feiras, ou semana santa e período natalino.

Quando a Funarte passou a reservar o Teatro Cacilda Becker para a dança, deu-se um grande passo. Em 1991 o Cacilda abrigou o Olhar Contemporâneo da Dança, evento do qual se originou o Panorama da Dança que cumpriu a importante função de ir ocupando novos e maiores espaços.

Após isto, o projeto de apoio municipal a companhias, que já não mais existe, mesmo com pouca clareza quanto aos critérios de distribuição dos recursos, deu sustentação a uma extensa rede de profissionais. A idéia do Centro Coreográfico foi caudatária de todo este ambiente que se criou e que passou a exigir novos desafios. Ele não seria apenas mais um espaço para a dança, mas um espaço qualificado, que irradiasse novas idéias e que acolhesse os profissionais e seus projetos. Seriam também necessárias verbas para as suas iniciativas, como o recebimento de companhias para residência temporária, conexões com outros espaços teatrais, formação de plateias, hospedagem de artistas de outras cidades, etc. Com recursos, suas produções ganhariam em qualidade e abrangência. Mas não foi bem o que ocorreu.

O projeto original do Centro Coreográfico previa a construção de um teatro para a dança, que não se realizou. Se hoje já é bem maior o espaço para a dança nas pautas dos teatros da cidade, a programação de dança ainda é amplamente minoritária. Além do mais, não se pode dizer que todas as linguagens são contempladas nessa nova distribuição de espaço. Se isto ainda ocorre, é evidente que o projeto de um teatro público para a dança no Rio continua válido. A cidade de São Paulo se prepara para edificar o seu.

A Prefeitura do Rio de Janeiro tem uma responsabilidade importante no fomento à dança, através de subvenções à criação, produção e circulação de trabalhos dos artistas da dança carioca. E ela deveria considerar a possibilidade de construção de algo mais sólido do que apenas editais de curta duração, nem sempre capazes de suprir as necessidades de um trabalho de longo prazo.

Foto: cadeira em Cuba

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