sexta-feira, 22 de julho de 2011

Prosseguem as escavações na Barão de Tefé

Escavações do Cais da Imperatriz e do Cais do Valongo - foto Roberto A Magalhães


A obra de construção da nova galeria de águas pluviais da Área Portuária, que é parte do projeto Porto Maravilha, ao encontrar os vestígios do Cais da Imperatriz na atual Avenida Barão de Tefé, produziu uma situação à qual estamos pouco acostumados no Brasil: a necessidade de se decidir pela continuidade da obra ou pela revisão do seu traçado em função de descobertas arqueológicas. Infelizmente, muito pouco ou quase nem se considerou esta segunda hipótese.

O Cais da Imperatriz seguiu o projeto de Grandjean de Montigny, para preparar a área para a vinda da esposa de D. Pedro II, D. Teresa Cristina, em 1843. Ele foi construído sobre a área do antigo Cais do Valongo, por onde chegavam escravos que eram vendidos no mercado de escravos do Valongo, uma chaga na história de nosso país. Deste último cais não se conhecia ao certo a configuração. Já o Cais da Imperatriz foi projetado com largo calçado por paralelepípedos, cais rampado, e esculturas de divindades greco-romanas, as quais hoje se encontram nos jardins do Palácio da Cidade, em Botafogo.

Parte do cais foi desmontado para que a obra da nova galeria tivesse curso. Curiosamente, neste mesmo ponto encontrou-se uma galeria bem menor, construída em 1870 por Edward Gotto, que teve o cuidado de repor as pedras que haviam sido deslocadas para sua implantação. Esta antiga galeria também foi desmontada. No momento, prosseguem as escavações para desvendar o que restou do Cais da Imperatriz e do cais do valongo. O problema é que para se chegar a este segundo, o primeiro está sendo ainda mais desmontado. Uma pergunta, então, se impõe: haveria o risco de uma visão ideologizada desse processo sobrepor um cais em detrimento do outro?

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