quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Cidade Heterogênea

Simulação do Espigão da Eletrobras na Lapa



No Rio de Janeiro, a breve tentativa de uma cidade beaux-arts tropical, que não chegou a abranger o todo da cidade carioca de então, foi substituída por algo heterogêneo e fragmentário que temos hoje. Esta ação, como a de construção da cidade anterior, não foi fruto de uma decisão geral, mas de ações de indivíduos e do poder público, buscando ganhos mais imediatos e uma imagem de modernidade que parecia lhes convir mais. Aliás, sobre o fetiche da modernidade, vale a pena ver as palavras do secretário geral do Ministério do Turismo, preso recentemente em operação de Polícia Federal. Ao orientar a fraude no ministério sugeriu: “o importante é a fachada ser uma coisa moderna que inspira confiança...”.


Um grande problema no Rio de janeiro é o fato do Poder Público parecer continuar como agente da destruição de paisagens que são caras aos habitantes. É o caso da proposta do espigão da Eletrobras em pleno eixo de visada dos Arcos da Lapa, monumento maior da nossa carioquice. Ou quando um projeto, como o Porto Maravilha, deixa de ser pensado a partir das qualidades endógenas do lugar, e sim como um modelo a “la Dubai”, a ser imposto por sobre a destruição de exemplares bastante interessantes de armazéns. Como nossas autoridades gostam de exemplos externos, valeria à pena uma visita ao “Meatpacking District” em Nova Iorque, para se ver que é possível um melhor aproveitamento das características industriais da nossa Área Portuária. Outra péssima iniciativa é atual tendência de se ocupar praças públicas com equipamentos de saúde, da guarda municipal, da polícia e, até mesmo, da cultura.


Olhar para o passado nos ajuda a compreender erros e acertos. Preservar partes importantes desse passado, reciclando-os no presente, é importantíssimo. Construir o presente com criatividade e ousadia é bem mais ainda. Então vivamos nossa cidade heterogênea da atualidade, mas com qualidade urbanística e arquitetônica, por favor!




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